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Economista faz avaliação negativa dos primeiros dias de Bolsonaro

Por Luiz Sérgio Teles 

Nesta sexta-feira, dia 04, o economista Luís Moura, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômico de Sergipe (Dieese/SE), fez uma avaliação negativa dos primeiros dias do governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) – sobretudo dos discursos de posse do próprio Bolsonaro e do ministro da Fazenda, Paulo Guedes. Para Luís Moura, o que chamou mais atenção no discurso do presidente foi ele sequer tocar em temas importantes como democracia, justiça social e desemprego.

“Temos 13 milhões de desempregados e não se fala nada. Temos 54 milhões de pessoas na pobreza e não se fala em combater essa desigualdade social. Falou muito mais com uma retórica política. Não entendi direito a fala dele que está começando a acabar com o socialismo no Brasil. O país nunca teve uma experiência socialista. Paulo Guedes desmente Bolsonaro falando que havia um coloio entre o Estado e os empresários. Se teve o socialismo no Brasil foi um que só os empresários participaram porque o Estado contemplou muitas benesses ao empresariado. Achei interessante a questão da primeira dama. Uma coisa que nunca aconteceu. Se não foi uma jogada de marketing eu parabenizo porque foi uma boa inovação”, avaliou.

Segundo o economista, Bolsonaro terá dificuldades de governar devido ao fortalecimento da oposição no Congresso que terá partidos como PT,PC do B, PSB, PDT. “Contudo, temos que torcer para o governo Bolsonaro porque foi o presidente eleito. O fato de torcer para que o governo faça uma boa gestão não significa dizer que vai torcer pelo presidente Bolsonaro. Inclusive há uma diferença entre o governo e o presidente. Nas pesquisas de opinião você percebe uma diferença do comportamento do governo e do presidente. Acredito que o presidente devesse se aproximar mais da sociedade. As ações dele até o momento são de distanciamento. Não faz um discurso de bom senso, que busque uma mediação entre os eleitores que votaram nele e os que não votaram”, observou.

Previdência

Sobre a proposta de reforma da previdência, que segundo o ministro Paulo Guedes será apresentada ao Congresso, com modificações em relação a que foi apresentada pelo ex-presidente Temer, o economista do Dieese ressaltou que a proposta anterior foi rejeitada pela sociedade e que a ideia do ministro de trabalhar com uma reforma de capitalização pode ter um custo muito elevado.

“Ninguém conhece ainda a proposta de reforma de Bolsonaro. Tem essa discussão se coloca uma proposta nova ou aproveita a que tem lá. Existe até uma discussão jurídica sobre isso. Mesmo essa que está no Congresso teria que passar por todos os trâmites de novo porque é uma nova legislatura. Pode-se fazer uma reforma de capitalização para os futuros trabalhadores, mas de qualquer jeito o INSS vai ter que pagar as aposentadorias de quem está aposentado. O custo dessa transição é elevado. Ontem uma entrevista Bolsonaro voltou a dar sinais que não é a proposta de Paulo Guedes. Ele quer mudar a idade mínima de 62 anos para homens e 57 para mulheres. Já é uma proposta melhor do que a de Temer”, disse.

Luís Moura acredita que, caso seja apresentado, o Congresso rejeitará o “plano B” do Governo Federal, que segundo o ministro da Fazenda, em não sendo aprovada a reforma da previdência, irá desvincular gastos da União, até mesmo de áreas como saúde e educação.

“Para nossa tradição é muito ruim porque se vai desvincular o que é hoje um percentual do orçamento para educação e outro para a saúde, significa que vai desvincular para menos. Desvincular para mais já pode ser feito sem precisar de nenhuma PEC. Acredito que o Congresso vai rejeitar isso porque a tradição brasileira é sempre cortar nas áreas sociais. O Congresso é formado por agentes políticos que precisam se eleger. Eles tomaram uma lição nessa eleição. Pessoas que votaram a favor da reforma trabalhista e da terceirização foram rejeitadas pela população. Acredito que o Congresso está meio ressabiado. O que eu entendo é que qualquer que seja a situação da reforma da previdência tem que ser debatida tanto no Congresso quanto na sociedade”, disse.

Modificado em 04/01/2019 17:39

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