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Declarações de Déda atestam crise que toma conta do governo às vésperas do ano eleitoral. Nos bastidores, não soa novidade

Déda: decepcionado

Por Joedson Telles

As declarações do governador Marcelo Déda, postadas em seu Twitter na manhã desta terça-feira 16, revelam mais que um desabafo. Persuadem sobre a crise que, às vésperas de um ano eleitoral, paira no governo do Estado de Sergipe, que convive com dois governadores, desde que a vida impôs ao titular Marcelo Déda a necessidade de se afastar para cuidar da saúde. Analisem a lamentação do petista. Depois volto ao gramado.

“Jackson nomeou presidente da Codise (Roberto Bispo, ex-secretário de Saúde de Itabaiana e irmão do ex-prefeito aliado de JB, Luciano Bispo) à minha revelia. Estou triste e decepcionado. Minha saúde não me permite mais do que o desabafo. Não comentarei mais o tema. Devo concentrar-me na minha saúde por recomendação dos médicos e necessidade de preservar minha vida”, postou Marcelo Déda.

De volta ao gramado. Lógico que se trata de um desabafo de quem esperava contar com a fidelidade do seu vice-governador – sobretudo no momento mais difícil de sua vida. Mais lógico ainda que, se Deus permitir, e Déda reassumir o governo – a previsão é para a primeira ou segunda semana de agosto -, o senhor Roberto Bispo será exonerado. Quem conhece Marcelo Déda Chagas sabe que usar a caneta e deixar Roberto Bispo desempregado passou a ser uma questão de honra. Ou não? Ou, mesmo doente num hospital, Déda precisaria usar o Twitter no tom que usou para “se aparecer”? “Foi só de brincadeirinha”?

Os fatos são polêmicos. Palpitantes para quem faz jornalismo com isenção. Para quem tem o compromisso de levar a verdade factual ao internauta, respeitando os políticos, mas respeitando também a inteligência das pessoas.

Entretanto, um detalhe imprescindível que não pode deixar de ser levado em conta por qualquer mortal que se permita analisar os acontecimentos que estremecem o Palácio do Governo, neste momento, é que a falta de lealdade de JB publicizada na twittada de Déda espelha bem mais a necessidade de oxigênio para o seu projeto de ser governador de Sergipe do que propriamente uma vaidade pessoal com o escopo adocicado de afrontar o titular Déda.

Jackson Barreto precisa contar com o apoio de Luciano Bispo, em Itabaiana, em 2014. Sabe que além de ser um aliado histórico, Luciano é uma força política num município onde seu provável adversário, o senador Eduardo Amorim, é pra lá de robusto, sobretudo por ser vitaminado pelo bairrismo do eleitor serrano.

JB: nomeação por conta própria

Não passa de uma criança à espera de um chocolate quente, no entanto, quem nutre a certeza que a nomeação de Bispo por JB é o primeiro ato dele que aborrece Déda. Quando JB chega a nomear um assessor “à revelia”, para ser fiel às palavras de Déda, subtende-se que outras decisões já foram tomadas. Há muita coisa desencontrada neste momento. Decisões que precisam – e estão sendo – tomadas. Algumas para o andamento da máquina outras não. Mas nem sempre a coisa acontece em perfeita harmonia entre os dois governadores – o titular e o em exercício. A coerência não existe continuamente.

As negociações para ter a maioria na Assembleia Legislativa, por exemplo, não seguem à risca a linha do pensamento de Déda. Alguns detalhes são “à revelia”. Gostei do vocábulo. E, lógico, há decisões que tecnicamente poderiam aguardar o titular, mas o açodamento político gera a desarmonia.

O fato é que assim como a questão de Itabaiana, para chegar firme em 2014, JB precisa tomar  decisões arriscadas. E parece assolado neste momento. Sabe que joga contra o relógio e que ainda não teve (e agora é que não deverá ter mesmo) a certeza que Déda se afastará para ele, JB, ser governador de fato e de direito, fortalecendo seu projeto pessoal…

… Aos de curta memória, escrevi neste espaço um texto pontuando que o silêncio de Jackson era a certeza que assumia o governo. JB não abriu a boca para reclamar nada. Silenciou deixando atônitos todos que conhecem seu estilo. Assumiu o governo e trocou palavras por ações. Agora estas ações parecem que extrapolaram a paciência do titular Marcelo Déda, e a crise no governo do Estado nunca foi tão visível a olho nu. Para JB, pior que isso só mesmo se perpassar ao seu projeto para 2014.

Modificado em 17/07/2013 15:20