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Criticar a CUT por estar na manifestação é jorrar desinformação e ingratidão

Por Joedson Telles

CUT nas ruas: há muitos anos

O Brasil é mesmo o país da moda. A terra de um povo que, salvo exceções, age de acordo com a emoção gerada quando fita uma televisão. Refiro-me à manifestação de ontem em Aracaju, que só ganhou força porque em outros estados os atos foram vastamente divulgadas na telinha. E a maior prova do juízo, a amostra perfeita que algumas pessoas que estiveram nas ruas ontem não tinham conhecimento do que estavam fazendo ali, foram lá como se diz “na onda”, são as críticas feitas à CUT por ter participado. Injustas. Bater na CUT por protestar é jorrar desinformação, ao desconhecer a história de uma central que sempre lutou contra o sistema em favor do trabalhador vítima de todas as ações dos políticos repudiadas nas manifestações. Os críticos podem ter descoberto as ruas de Aracaju ontem. A CUT, não.

Não tenho e nunca tive ligação nenhuma com a CUT ou com outra central sindical, embora como trabalhador já tenha sido defendido em seus protestos inúmeras vezes. Não sou ingrato. Além disso, como jornalista da área política, cujo ofício obriga-me a não apenas acompanhar os passos da CUT como também levá-los à sociedade, sinto-me na obrigação de deixar neste espaço minha modesta contribuição para uma conscientização maior da população: a CUT não merece as críticas que alguns estão a fazer. A CUT sempre defendeu as mesmas bandeiras veladas ontem pelos manifestantes. Se um ou outro que já passou pela CUT tomou outro rumo é outra história. Mas a entidade sempre esteve travando o bom combate.

Aos desinformados, o atual presidente da CUT de Sergipe, o professor Dudu, por exemplo, é um dos poucos sindicalistas sergipanos que bate de frente contra o governo do PT do mesmo jeito que fez contra os governos de direita. Um homem que nunca titubeou frente perguntas de jornalistas temendo se desgastar politicamente junto ao governo. E olha que não falta quem tenha postura contrária por ter, ou sonhar em ter, um CC no governo. Inclusive, alguns que estão a criticar a CUT pousando de moralista.

Evidente que se a maioria decidir pelo não uso de carro de som ou de quaisquer outros atributos inerentes aos protestos feitos pela CUT está em seu direito. Fazer uma manifestação uniforme para ter a cara da sociedade não pode ser visto como um problema. Mas percebam que, como se não bastasse sua história de luta a legitimar estar presente em quaisquer atos públicos, a CUT também é formada por membros da sociedade. É de uma violência sem tamanho querer excluir quem sempre esteve nas ruas sem precisar da emoção da televisão. Quem iniciou os protestos, quando muitos que estavam no ato de ontem sequer haviam nascido, mas se arvoram a vaiar. Se há política no meio, como argumentam os críticos, é porque o homem é um animal político. E, evidente, seus atos não têm com andar na contra-mão disso. Todos nós somos políticos. Ou sonegar a história da CUT, ao tentar ofuscá-la da manifestação não é um ato político?

A manifestação mostrou a força e a indignação de uma sociedade. Espelhou que a união do povo faz mesmo a diferença. Mas fica a lição sobretudo para os que pensam: há a necessidade de conscientizar mais a sociedade do que representa a manifestação. Não apelar para as badernas que podem, inclusive, custar a realização da Copa do Mundo no Brasil. E persuadir os desinformados para não cometer injustiça com quem já está na luta há anos e anos.

Modificado em 21/06/2013 08:54

Comentários (3)

  • Trazer movimentos partidários é sinônimo de trazer divisão, eu mesmo sou contra tudo o que o PSTU significa, e eu nunca iria para um movimento em que o PSTU estivesse a frente. Não é o momento para partidos, isso deixa para eleições, onde eles tem papel fundamental na democracia, agora é hora de pedir uma limpeza política. Eleitores conservadores e liberais querem isso, sem divisão. Não à divisão. Não aos partidos em manifestações.

  • Parabéns pelo texto bastante explicativo principalmente para quem desconhece a origem da CUT principalmente a nossa CUT/SE.

    Cabe uma pergunta se na manifestação não podia ter bandeiras de partidos politicos, que não é o caso da CUT. Então porque as do PSTU?
    Em outros estados tanto os menbros do PSOL como do PSTU foram obrigados a retirarem suas bandeiras.

  • O texto está perfeito. Não aceitar a participação de partidos políticos é até compreensível ante a falta de identidade e de idiologia destes. Porém, afastar as centrais sindicais ou sindicatos é desconhecer que estes são representantes de uma parcela significativa dos trabalhadores que sofrem com o mau gerenciamento da coisa pública. Além disso, não se pode esquecer que tais entidades, com os mesmos representantes ou não, sempre participaram de lutas sociais. Para a próxima manifestação vale a pena rever o equívoco cometido.