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Cadeias lotadas são o reflexo das salas de aula vazias – Parte 1

Por Will Rodrigues

Há muito tempo se sabe que o nosso país tem uma das maiores populações carcerárias do mundo – ficando atrás apenas dos Estados Unidos e da China – e apesar dos R$ 238 milhões investidos no Plano Nacional de Apoio ao Sistema Prisional, em 2013, as nossas cadeias continuam desestruturadas e pequenas para a quantidade de detentos. Aqui em Sergipe, por exemplo, um dos presídios estaduais foi interditado pela Justiça no mês passado, ficando proibido de receber novos detentos, uma vez que, tendo 800 vagas, atualmente abriga 1884 presos. Como consequência, as delegacias também ficam abarrotadas de presos provisórios e, ao invés de reabilitarmos os infratores, damos-lhes um curso intensivo de pós-graduação em marginalização.

Enquanto os órgãos gestores do sistema discutem a cargo de quem fica a responsabilidade pela superlotação, passa despercebido o fato de que nós só temos prisões cheias porque as nossas salas de aula estão cada vez mais vazias. E ainda que haja presença física dos alunos nas escolas, nem sempre eles estão inteiramente presentes no processo educacional capaz de formar cidadãos comprometidos consigo mesmo e com o desenvolvimento do país.

Você pode estar se perguntando o que me fez chegar a esta conclusão e a resposta é simples. Basta assistir a uma das dezenas de reportagens veiculadas pela imprensa local e nacional para perceber que além de uma base familiar inconsistente, a maioria dos encarcerados não teve acesso ao sistema de ensino.

E para não dizer que a minha conjectura está baseada na suposição, eu apresento dados do Conselho Nacional de Educação (CNE), divulgados em 2009, revelando que 66% da população presidiária não concluiu o ensino fundamental, menos de 8% possuía o ensino médio e a mesma proporção era analfabeta. O levantamento mostrou ainda que a falta de escolaridade afeta especialmente os homens em idade produtiva (três quartos têm de 18 a 34 anos).

Desse modo, não é preciso ser nenhum gênio para constatar que, se os 2.742 habitantes do sistema penitenciário sergipano também tivessem habitado uma escola, recebendo formação adequada, boa parte deles não teria sequer optado pelo universo do crime, antes disso, estariam compondo os dados estatísticos dos empregados com carteira assinada que, mesmo estando na linha de produção de uma fábrica, geram renda, lucro e fazem o país se desenvolver.

Continua…

Modificado em 30/06/2014 15:19

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