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Alessandro sente-se na obrigação de ajudar Edvaldo e Belivaldo

Por Joedson Telles

“O caminho que a gente vem fazendo no Senado é de independência. Tanto lá quanto aqui em Sergipe. Um exemplo concreto, agora, é que eu estou fazendo todo esforço para a liberação de um empréstimo para Prefeitura de Aracaju. Um valor de mais de R$ 300 milhões, e não vamos estar juntos na eleição. A gente vai estar em lados contrários. Temos que trabalhar para o cidadão. O cidadão precisa do prefeito, do governador. São eles que vão executar as obras. Não adianta o parlamentar puxar para si essa função. Se o eleitor de Aracaju escolheu Edvaldo – e se o eleitor sergipano escolheu Belivaldo -, eu tenho a obrigação de ajudar essas figuras, mesmo que não vote neles”, diz o senador Alessandro Vieira (Cidadania), nesta entrevista que concedeu ao Universo. Ele também fala sobre a CPI Lava Toga, as eleições 2020 e 2022 e o papel do seu agrupamento político, a polêmica em torno da Amazônia e da Reforma da Previdência. “Eu acho que ainda tem muito para se debater sobre a previdência. Quem está apostando em uma simples aprovação de tudo como veio da Câmara, não vai ser assim. No Senado, vamos fazer uma análise – até porque grande parte dos senadores já passou pela experiência de ser gestor e sabe que as contas têm que fechar. Eles têm essa visão mais pragmática, e temos a possibilidade de fazer ajustes que eu acho que são necessários no texto”, diz o senador.

O senhor não joga a toalha frente à CPI da Lava Toga?

Não. A qualquer momento continua. Completamos 27 assinaturas. Vamos botar na mesa de Davi Alcolumbre, que não tem escolha de não instalar. Ele é obrigado a instalar. O Supremo já tratou disso. A CPI é um instrumento da minoria. Em perfeitas as condições, tem que instalar.

O que o senhor sente nas conversas com os colegas senadores, em relação a essa resistência à CPI?

Existem grupos diversos. Tem o pessoal que tem medo porque tem processo, tem o pessoal que acredita que o Supremo é um fiador importante da democracia, neste momento, e qualquer coisa pode gerar um tumulto institucional. Para os processados, não adianta falar. Para esses outros, a gente explica que não dá para confundir a instituição com seus representantes. O ministro Dias Toffoli não é garantidor de nada que não seja o seu interesse e do seu grupo, e outros tantos são da mesma linha. A gente tem que separar uma coisa da outra e temos conseguido obter sucesso com uma boa parte dos colegas sobre esse diálogo.

Nas ruas, o povo tem apoiado a CPI?

Com certeza. Temos preso o ex-presidente da República mais popular da história, ex-presidentes processados, têm senadores e deputados, prefeitos, governadores afastados ou presos e não tem uma pessoa da alta cúpula do Poder Judiciário que, sequer, esteja sendo investigada. Só pedidos de impeachment são mais de 30 engavetados, todos eles com fatos importantes, e precisam de respostas. Só uma CPI tramitando no Senado, conforme trata a Constituição, pode tratar deste assunto. Essa é a nossa missão.

O senhor escuta intimidações nos bastidores?

Tem sempre uma tentativa de se colocar isso numa escala de perigo, por estar mexendo com gente poderosa, mas nunca foi uma preocupação minha. É um serviço para ser feito e vamos fazer. A minha obrigação vai até colocar as condições para instalar a CPI. Daí para frente é com o Senado.

O senhor age sem perseguir ninguém. Quer prestar este serviço ao país. Não é mesmo?

Claro. Não tenho nenhuma preocupação com partido político, nem com financiador de campanha, nem compromisso empresarial. A gente tem a certeza que essa é uma seara que a Justiça ainda não chegou e precisa chegar.

O senhor também não tem medo de retaliação…

Não. Se eu tivesse medo não trabalhava em Sergipe o tanto que eu já trabalhei. Não vejo porquê ignorar o risco que existe, mas é um risco que temos que assumir, se a proposta é defender seu estado.

O texto da Reforma da Previdência que está tramitando no Senado agrada ao senhor?

Existem vários pontos que precisam ser alterados. Temos conversado bastante com o senador Tarso Jereissati, do Ceará, que é o relator, e ele está sensível a essas ponderações, porque a primeira ideia seria aprovar com está e depois fazer as correções numa PEC paralela, mas a história mostra que essas PECs paralelas nem sempre têm tramitação adequada por parte da Câmara. A gente tem algumas sugestões de emendas que devem ser apresentadas para corrigir problemas, com por exemplo, dos pensionistas, dos trabalhos que têm uma carga de periculosidade e insalubridade. São lacunas que a legislação criou e precisam ser supridas. Temos iniciativas diferentes daquilo que foi proposto pelo governo originariamente, como a capitalização. Mas apenas para salários mais altos, mais ou menos nos moldes que hoje o funcionalismo público federal tem acesso, principalmente várias carreiras do Poder Judiciário, que migraram para o sistema que a pessoa contribui até o teto do INSS, normalmente, e outra parte que excede isso faz através de uma previdência privada. Vamos lutar para isso e para que o governo assuma e cumpra compromissos anteriores que não têm nada a ver com emenda e com cargo. A gente precisar rever o pacto federativo e devolver saúde financeira e fiscal para estados e municípios. Para fazer isso tem que mexer em imposto, em divisão de créditos e recursos. O ministro Paulo Guedes sinalizou positivamente, mas eu quero ver no papel e até agora não chegou nada.

Como o senhor avalia o discurso da oposição, no sentido de a reforma “tirar do pobre para beneficiar o rico”?

Primeiramente, é uma mentira. Eu sou funcionário púbico estadual, em final de carreira. Hoje, pago uma alíquota de 13% e vou passar a pagar em torno de 20%. O cidadão que ganha um salario mínimo vai começar a pagar menos do que paga hoje. A alíquota dele cai e fica em torno de 7%. Existem pontos a serem tratados. A gente tem que ter a certeza textual que ninguém vai receber menos de um salário mínimo. Isso é importante porque isso afeta demais a economia e a vida das famílias. A gente precisa esclarecer mais esses números. Quando Paulo Guedes enche a boca e fala em R$ 1 trilhão, qual o grande mote dessa mudança que ele quer fazer? Na visão que a gente tem, ele quer sinalizar para os mercados. Ele quer gerar uma sinalização, e, com base nela, ter investimentos. Qualquer inteligência média vai perceber que ninguém vai fazer investimento sem saber qual vai ser o regime tributário do país. O governo não apresentou nenhuma proposta tributária ainda. Fala em coisas bastante desconexas. Tem uma proposta no Senado e outra na Câmara, e a gente precisa juntar tudo isso para que o cidadão brasileiro e o investidor estrangeiro possam entender qual a regra do jogo. Eu acho que ainda tem muito para se debater sobre a previdência. Quem está apostando em uma simples aprovação de tudo como veio da Câmara, não vai ser assim. No Senado, vamos fazer uma análise – até porque grande parte dos senadores já passou pela experiência de ser gestor e sabe que as contas têm que fechar. Eles têm essa visão mais pragmática, e temos a possibilidade de fazer ajustes que eu acho que são necessários no texto.

O senhor entende que estão politizando reforma?

Sim. O Brasil vive, hoje, o radicalismo. É uma forma de fazer campanha que não é nova, e não foi Bolsonaro quem inventou. O PT trabalha com o nós contra eles há muito tempo. Nos exemplos históricos, esse exemplo do nós contra eles já esteve presente em vários momentos – o Bolsonaro faz isso bem. Ele se alimenta dessa polarização que impede o debate, impede que se aprofunde discussões, e isso é bom para quem não tem muito conteúdo porque nivela todo mundo em uma briga de rua. O caminho que a gente vem fazendo no Senado é de independência. Tanto lá quanto aqui em Sergipe. Um exemplo concreto, agora, é que eu estou fazendo todo esforço para liberação de um empréstimo para Prefeitura de Aracaju. Um valor de mais de R$ 300 milhões, e não vamos estar juntos na eleição. A gente vai estar em lados contrários. Vou fazer uma visita a ele (Edvaldo Nogueira), provavelmente, já com o resultado desse trabalho de viabilização do empréstimo. Temos que trabalhar para o cidadão. O cidadão precisa do prefeito, do governador. São eles que vão executar as obras. Não adianta o parlamentar puxar para si essa função. Se o eleitor de Aracaju escolheu Edvaldo – e se o eleitor sergipano escolheu Belivaldo -, eu tenho a obrigação de ajudar essas figuras, mesmo que não vote neles. Naquilo que depende de minha vontade, que são as emendas individuais, a gente criou toda uma metodologia que a gente tem conversado com a população que está apresentando projetos e nossa equipe está fazendo um tratamento técnico. Depois os projetos voltam para a comunidade para que ela possa escolher quais os mais importantes e a ONG ou a prefeitura que receber essa verba tem que assinar com a gente um compromisso de transparência, além daquilo que preconiza a própria lei, onde o cidadão comum possa acompanhar o quanto, como e de que forma está sendo gasto seu dinheiro.

Como o senhor está acompanhando toma essa polêmica em torno da Floresta Amazônica?

Existe um problema seríssimo de ideologia. O governo Bolsonaro, desde seu inicio, deu uma série de sinalizações contrárias à política ambiental. O ministro Sales aparenta não ter compromisso com a pasta. Basta ver o que ele tem feito com os instrumentos de fiscalização, imobilizando e pressionando fiscais para que não façam o trabalho, fomentando a anistia de multas, reduzindo o número de multas, reduzindo o número de fiscalizações, fazendo toda aquela briga sem sentido em torno do Fundo Amazônia, que é de mais de R$ 1 bilhão a título perdido, que era entregue para fazer a manutenção da floresta, e agora comemoram quando conseguem R$ 20 milhões. Abre mão de R$ 400 milhões e comemora aquando alguém joga R$ 20 milhões no pires como se fosse uma migalha. Existem problemas sérios. Agora, é claro que é preciso ter um plano de desenvolvimento econômico para o povo da Amazônia. Não se pode condenar aquela comunidade à pobreza. Tem que dar alternativas – e existem alternativas inteligentes. É preciso deixar claro que o agronegócio de verdade, que dá certo e tornou o Brasil o celeiro do mundo, não quer o desmatamento, porque se ele perde o selo verde não vai ter acesso aos mercados importantes como o europeu e o asiático. O que está acontecendo hoje na Amazônia, com mais intensidade do que historicamente já acontecia, é o avanço de grupos predatórios que querem a ocupação de terra, para depois fazer desta terra seu produto de venda e não daquilo que vai ser produzido na terra. Não são agricultores. São especuladores, na grande parte.

O senhor não acha muito radical essa postura do presidente, sobretudo com organismos internacionais?

Sim. É bastante radical e equivocada. Me parece que ele fez uma revisão de postura. Ele começou muito mal e depois recuou e passou a aceitar o diálogo e reconhecer que existem as queimadas. Ele passou meses negando ao ponto da exoneração do diretor do INPE e de abrir um pregão para licitar um sistema e fazer aquilo que o INPE já faz de graça. Ele quer contratar a empresa Planet ou outra parecida para fazer o trabalho que o INPE já faz com absoluta precisão e qualidade técnica. É uma instituição e são pesquisadores respeitados no mundo inteiro, mas o governo optou por ideologicamente isolar a atuação. É lamentável, mas tanto os brasileiros quanto as relações comerciais do Brasil com outros países estão forçando o presidente Bolsonaro a acordar.

O senhor acha que, de alguma forma, por conta desta postura do presidente, o problema respingará em outras áreas do governo, prejudicando o Brasil lá fora?

Com certeza. A gente sabe que a ministra Tereza Cristina está muito preocupada com as consequências para o agronegócio, tem a própria pactuação do acordo Mercosul- União Europeia ameaçada porque esses países fazem exigências historicamente falando. Claro que a gente tem que separar o fato de haver um certo oportunismo por parte do presidente Macron, que passa por problemas internos na França e encontrou um inimigo externo para canalizar as atenções, e o que Bolsonaro está fazendo, em contrapartida com Macron. Ele está falando do Macron e da esposa de Macron, mas não está falando que o COAF foi extinto, não está falando que o presidente está querendo intervir diretamente na Polícia Federal e na Receita Federal. Não está falando do acordão que existe hoje entre os grandes políticos para deixar tudo abafado e acabar com o combate à corrupção. Essas coisas de política ideológica serve muito bem como uma cortina de fumaça.

Como o senhor acompanhou o processo que culminou com a expulsão do vereador Palhaço Soneca do Cidadania?

Literalmente política é um lugar para gente séria. A grande questão do Soneca foi fato dele tirar uma licença num prazo excessivamente alongado, justamente o prazo necessário para que fosse convocado seu suplente, fazendo com que a Câmara de Aracaju tivesse que arcar com os dois salários simultaneamente. Ele melhorou da cirurgia que fez, estava apto a voltar para o trabalho e optou por não voltar. Essa opção dele pode até ser legal, mas, certamente, é imoral, e a gente tem um princípio nessa questão da política que é prezar pela moralidade das ações. O político tem uma função pedagógica: serve de espelho para a sociedade, e eu não concordo com uma sociedade que brinca com o dinheiro público, que brinca com a representatividade e com coisas sérias. Eu acho que é um recado bastante claro. Aqueles que querem continuar na política de uma forma irresponsável, que vá procurar outra seara.

Quando ele sai do partido com o discurso de perseguição mostra que não aprendeu a lição?

A gente não consegue controlar o que as pessoas falam. As pessoa falam o que entendem como necessário. Eu acho que não é preciso fazer um processo maior de exposição e desmoralização do vereador. Sergipe inteiro acompanhou a situação e qualquer pessoa que você vá perguntar, saindo dessa bolhinha de assessores e políticos, vai achar um absurdo a forma como ele se conduziu. A gente tem que trabalhar para as pessoas. Eu que não sou da politica e estou vivenciando esse mundo agora vejo que as pessoas se isolam em bolhas cercadas por puxa-sacos, por assessores, e ficam se enganando e sem contato com a realidade. Na realidade, o cidadão sergipano e brasileiro não aceita esse tipo de molecagem. O cidadão sergipano acorda cedo para buscar o emprego, porque somos a região metropolitana com o maior desemprego do Brasil, e percebe outro cidadão ostensivamente se aproveitando do recurso público. No partido Cidadania eu posso garantir que isso não irá acontecer.

Está havendo reuniões entre o senhor, Georgeo, Emília, Emerson e Milton Andrade, para tratar de eleição 2020?

Conversamos sobre esse processo eleitoral que virá e vamos caminhar juntos. Ao mesmo tempo, a gente estava identificando situações e grupos com os quais a gente não quer caminhar, porque não têm compatibilidade com essa coerência de uma política nova e limpa, mas agora é o momento de ouvir o cidadão aracajuano e colher deles quais são as demandas para administrar isso e ver se nossos nomes estão compatíveis. Mas, seguramente, esse grupo vai apresentar uma candidatura competitiva.

Quais nomes estariam mais credenciados, hoje, para disputar a Prefeitura de Aracaju?

A gente tem claramente os nomes de Emerson, Emília e Milton Andrade. Esses três nomes fazem parte do mesmo conjunto, e são três nomes de qualidades que o cidadão pode ter certeza que farão uma gestão honesta e transparente. O que a gente precisa é conversar mais com o povo e entender qual a lacuna que ele vê como necessária para mudar. Se ele não percebe isso, não vai ter mudança. Vai ter reeleição. A gente vai trabalhar ouvindo o cidadão e não tentando empurrar de goela a baixo candidaturas artificiais.

O grupo se define como de direita, esquerda ou centro?

De centro porque tem personagens que vem de uma militância mais da esquerda, como é o caso de Emerson, e personagens que são mais da direita liberal, como é o caso de Milton. Essa tem sido a conduta do Cidadania como partido. Um partido de centro com capacidade de diálogo com todos os lados da equação e objetivando o bem comum. É um trabalho diferente, mas muito produtivo.

O senhor disse que, se tivesse a necessidade de apresentar seu nome para disputar o Governo do Estado, não se furtaria. O senhor sente essa necessidade?

Ainda estamos longe deste momento. A gente tem que ver como vão se constituir as lideranças. O que temo em Sergipe é uma demanda de novas lideranças. Os velhos caciques como Albano, Jackson, João e Valadares estão encerrando sua trajetória politica. De uma forma ou de outra, estão mais afastados e não temos uma renovação. O falecimento precoce de Marcelo Déda interrompeu esse ciclo e não temos um surgimento tão claro de lideranças. A gente tem que ocupar esse espaço e estamos justamente fomentando para que esses nomes apareçam. O Cidadania já concluiu oito ou nove processos para formação de Diretório Permanente, que é aquele que não pode ser dissolvido porque o cacique decidiu, e a gente faz isso justamente para garantir que as pessoas tenham autonomia. Que possam caminhar com suas pernas e assumir suas responsabilidades. Eu não tenho o menor interesse em ser cacique ou ser dono de um projeto individual. Eu acho que o Brasil e Sergipe precisam de projeto de grupo.

Mas com a votação expressiva que o senhor obteve, em 2018, uma coisa leva a outra, não?

Sim. É natural que a gente tenha uma liderança neste processo, mas a liderança significa também compartilhar os espaços. É o contrário do que os nossos líderes tradicionais sergipanos fizeram, e a prova disso é que nenhum deles fez herdeiros políticos porque concentram no personalismo. Eu preciso que novas lideranças surjam para ocupar espaços. Eu não gosto da pecha de salvador da pátria – e a cada pessoa que me elogia e me agradece o trabalho nas ruas eu respondo sempre que o trabalho e a responsabilidade têm que ser de todos e que ninguém faz nada sozinho. A gente precisa de um grupo forte.

Como está sua avaliação nas ruas ou nas pesquisas internas?

A perspectiva das ruas é excelente. As pessoas reconhecem o trabalho cada vez mais. Em termos de pesquisas, a gente tem poucas, mas todas que foram feitas tivemos uma aceitação acima de 80%. Muita gente não conhecia mais precisamente o Alessandro, e agora conhece melhor. A gente prometeu um mandato econômico, fez uma campanha sem nem um real de fundo partidário e minhas campanhas serão sempre feitas dessa forma. Eu não concordo com o fundo e acho que é um desperdício do direito público. A gestão do mandato está sendo feita de forma muito econômica. Temos mais de R$ 500 mil de economia feita, e mesmo assim temos a quinta maior produtividade entre todos os senadores. A produtividade a gente verifica pela quantidade de projetos, relatados ou propostos, reuniões, participação em comissões. Estamos garantindo que Sergipe tenha o máximo de espaço porque o Senado é único lugar que vamos ter Sergipe do tamanho de São Paulo. Se os senadores se colocam de forma firme e ocupando espaço, a gente consegue fazer isso. A gente vem conseguindo e assumindo cada vez mais obrigações.

Quais os pontos mais positivos que o senhor já conseguiu por em prática, nesse primeiro ano de mandato?

Acho que a principal coisa é criar uma metodologia de relacionamento com o cidadão e com os colegas parlamentares. Chega uma pessoa nova, sem vivencia política e passa a ocupar um cargo num ambiente como é o do Senado e conseguir ter algum destaque, é uma coisa muito difícil. A gente tem conseguido bastante. A gente conseguiu avançar bastante nesse sentido. Os colegas parlamentares sabem da seriedade, os eleitores que acompanham sabem do compromisso com qualidade do trabalho, a equipe que a gente selecionou é muito boa e a gente ganha muito com isso, porque consegue tratar de várias pautas ao mesmo tempo. Hoje, eu faço parte de sete comissões permanentes do Senado, sou vice-líder do Cidadania no Senado, tenho uma atuação muito forte no combate à corrupção, coisa que a gente tem tocado com muita ênfase, especialmente porque a gente tem experiência nesse assunto. Hoje, uma parte da equipe estava recebendo aula sobre Reforma Tributária. Se a pessoa pediu confiança ao povo, tem a obrigação de se capacitar para desenvolver um serviço de alto nível. A confiança que foi depositada não foi pouca. Tivemos quase meio milhão de sergipanos que saíram de casa para votar e escolher uma pessoa. Eu tenho que devolver essa confiança e estou devolvendo em forma de trabalho e respeito.

O que mais surpreende o senhor no exercício do mandato?

Eu nunca fui político, mas eu me preparei para esse momento. Na hora que a gente detectou que havia necessidade de ocupar o espaço da política, porque só assim teria renovação, a gente passou por um processo de qualificação. Uma das coisas foi a experiência como integrante da primeira turma do Renova BR. Quem aproveitou bem o curso, como eu aproveitei, conversou muito com gente experiente, com pessoas de dentro e fora do Brasil de altíssimas qualificações. Não era difícil fazer uma leitura do cenário. Talvez a maior surpresa tenha sido a gente conseguir uma vitória, nas primeiras 24 horas, afastando Renan Calheiros do poder. Eu não tenho nenhuma dúvida em dizer que aquelas primeiras 24 horas foram essenciais para o futuro do Brasil, porque abriu uma perspectiva totalmente diferente do que estava posto. Na Câmara dos Deputados se manteve Rodrigo Maia e no Senado estava desenhado que se não tivesse Renan Calheiros, com um grupo que estava no poder há 30 anos, houve uma articulação que envolveu parlamentares mais antigos e os novatos que garantiu a vitória para Davi Alcolumbre, que não é perfeito, mas não é o Renan. Isso faz muita diferença.

Surpreendeu a cassação da chapa de Belivaldo/Eliane?

Não surpreende porque o abuso foi muito claro. Todo sergipano viu um abuso da máquina púbica, um abuso da propaganda muito claramente, tentando criar uma imagem descolada de Jackson Barreto e passar a impressão que Belivaldo Chagas era uma figura estranha ao grupo, quando, na verdade, Belivaldo está no poder há mais de uma década. A questão toda é que esse tipo de processo, em regra, demora muito e tem uma enorme interferência política em Brasília. É impossível prevê quando teremos uma definição e qual definição será, mas eu tenho certeza que Belivaldo Chagas quando bota a cabeça no travesseiro sabe que ele usou.

 

Modificado em 02/09/2019 19:17

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