Ministro se contradiz na CPI: defende princípios médicos, mas admite seguir Bolsonaro
“Vivemos num regime presidencialista. A política é a do Governo Federal e eu sou ministro. Não existe ministro da Saúde dissociado do Presidência da República”, afirmou. O senador lembrou que no dia 16 de março, ao ser apresentado como novo ministro, ao lado do general Eduardo Pazuello, Queiroga afirmou que a pasta executaria a política definida pelo governo do presidente Jair Bolsonaro e que iria dar continuidade ao trabalho do antecessor.
O Brasil, então, ultrapassava 282 mil óbitos. Agora, 45 dias depois de assumir o ministério, o país se aproxima de 415 mil mortos.
“O sr relata um mundo ideal que não corresponde à realidade da política do governo. Em particular do presidente da República”, afirmou Alessandro Vieira. “Qual é a política que o sr. vai implantar: do médico Queiroga ou do presidente Bolsonaro”, insistiu. “Se o presidente da República pensar de forma diversa, é o presidente da República. (…) Estou trabalhando no Ministério da Saúde, fui nomeado pelo presidente e estou trabalhando conforme as orientações técnicas”, disse, sem admitir a evidente contradição. “Esse governo não cumpre aquilo que a ciência e o sr verbalizam. Cumpre aquilo que o presidente verbaliza do cercadinho (área delimitada à imprensa), nas lives, nas conversas para animador de torcida”, apontou o senador.
Queiroga insistiu que o país tem uma política nacional de testagem, embora não tenha conseguido descrevê-la, além da mera distribuição de testes de Covid para estados. Mas admitiu que essa política de testagem passaria por “alterações”, buscando testes “mais modernos e rápidos”. Alessandro Vieira insistiu que procedimentos não convencionais, com o uso de recursos públicos, foram inseridos no Sistema Único de Saúde. O ministro negou e disse que não aceitaria isso. Confrontando com os gastos em cloroquina, medicamento inútil no combate à Covid, disse que um parecer a ser elaborado pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) “pacificaria” divergências sobre o uso do medicamento para tratamento precoce.
O senador disse que já havia estudos técnicos, de alta qualidade e aceitos mundialmente, que recusam a utilização desse medicamento. “Dois de seus antecessores esbarraram num muro de incompetência e ignorância”, disse o senador, referindo-se a Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich. Alessandro Vieira pediu que o ministro, se bater no mesmo muro, repita Mandetta e Teich.
Modificado em 06/05/2021 19:08