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Advogado sofre ameaça de delegado, procura OAB, mas diz que presidente é omisso

“OAB vem sendo usada como vitrine para que pessoas que estão no seu comando possam se promover em suas carreiras”, afirma advogado

Ludwig: “O que fizeram da nossa OAB?”

Por Joedson Telles

O presidente da Ordem dos Advogados dos Brasil secional Sergipe (OAB/SE), Carlos Augusto Monteiro, está sendo acusado de ser omisso frente a uma ameaça feita por um delegado da Polícia Civil de Sergipe contra o advogado Ludwig Oliveira Júnior. A denúncia está sendo feita pelo próprio Ludwig, que afirma ter tentado, em vão, a proteção da OAB/SE. “Eu já tinha a sensação, e o episódio apenas ratificou o que eu pensava: a OAB/SE vem sendo usada como uma vitrine para que aquelas pessoas que estão no seu comando possam se promover em suas carreiras profissionais e que, institucionalmente, não dá nenhum amparo ao advogado, sobretudo aos novos”, desabafa Ludwig Oliveira Júnior.

De acordo com o advogado Ludwig, o episódio com o delegado, cujo nome opta por manter em sigilo, aconteceu dentro de uma agência bancária, em Aracaju, onde estava na companhia da sua mãe, uma senhora hipertensa. “Ele se dirigiu a mim de maneira abrupta, foi bastante ignorante, com um tom de voz muito elevado, com palavras de ordem, claramente intimidativas. Ele dizia, abertamente, que ia, de certo modo, prejudicar a mim e à minha cliente. Disse que faria de um tudo e não mediria esforços para chegar a esse objetivo. Disse-me, em alto e bom tom, em ambiente aberto e sob câmeras de um banco oficial, que ia botar para ferrar comigo e com minha cliente, e que não iria medir esforços para prejudicá-la – isso com boa parte da clientela ouvindo e, mais ainda: a minha mãe, atônita, vendo o filho ultrajado”, lembra o advogado, explicando que a animosidade teve início quando precisou formalizar uma reclamação contra o delegado à Corregedoria de Polícia Civil, por conta de uma cliente sua acusá-lo de tomar seu depoimento sob tortura psicológica.

Lembrando que o episódio aconteceu no dia 5 de agosto, e já no dia seguinte, na quinta-feira, dia 6, bateu à porta da OAB, Ludwig enxerga o tratamento recebido pelo presidente Carlos Augusto como uma agressão à sua pessoa quase que na mesma proporção da que sofreu por parte do delegado. “Foi de desamparo total e irrestrito, o que me deixa triste até os dias de hoje. Naquela quinta, quando entrei na ante sala do gabinete do presidente Carlos Augusto, anunciei-me à secretária e disse da minha intenção de levar o caso ao presidente. Ela me disse com todas as letras que ele não poderia me atender naquele momento, mas eu fiz um breve relato do que seria o meu caso, para expor a gravidade – imaginando que, com isso, iria despertar o interesse dele pelo meu drama, que o fizesse se antecipar ou dar algum tipo de preferência por ele. Que nada. Ela me disse que ele só poderia me atender na terça-feira seguinte, dia 11”, lembra Ludwig.

Na segunda-feira, dia 10 de agosto, Ludwig diz ter recebido um telefonema da OAB avisando-o para comparecer lá naquele mesmo dia que Carlos Augusto, finalmente, o atenderia. “Quando estava a caminho, já nas proximidades, recebi outra ligação, dizendo que houve um imprevisto, e que a audiência não seria possível. Pediu para eu retornar na terça. Mas, ao meio dia da terça-feira agendada, recebi um novo telefonema, com a senhora secretária alegando que, por ser 11 o Dia do Advogado, Carlos Augusto não iria me atender, e que depois ela retornaria, agendando uma nova data. Tive um tratamento da minha e da nossa OAB tão carinhoso quanto aquele que recebe um saco de batatas nos solavancos de um estivador”.

No facebook

Sem sucesso na tentativa de buscar apoio junto à OAB, o advogado Ludwig apelou para as redes sociais. Desabafou para os amigos do facebook o seu drama. “Aquele meu gesto foi o extremo do desamparo, e um modo de não estar sozinho no mundo. Postei porque foi, diante de uma OAB omissa, a única alternativa que tive de revelar um abuso de duas cabeças – do delegado em questão e do meu presidente. A postagem nas redes sociais foi uma forma de eu dar um grito, de emitir um pedido de socorro diante da omissão da OAB. Felizmente, repercutiu. Ironicamente, o presidente Carlos Augusto só veio a me ligar porque estava – veja que inversão de valores – se sentindo ofendido com a exposição do caso com a minha postagem. Ora, ofendido ele?”, indagou.

 

Ludwig lembra que, no dia seguinte à postagem, Carlos Augusto mandou um assessor seu ligar para ele perguntando o que tinha ocorrido. “Eu simplesmente lhe disse: aconteceu o que você leu no face. Depois, Carlos Augusto me mandou uma mensagem de zap pedindo para atendê-lo, e a seguir me ligou. Não o atendi, por estar em uma audiência no interior. Aí é que ele me mandou a bizarra mensagem se dizendo ofendido, alegando que estava sendo ‘bombardeado covardemente’ pelos colegas e que queria me ouvir”, lembra. “Carlos Augusto, que não sofrera qualquer sopapo verbal de delegado algum; Carlos Augusto, que não atendeu a um colega em desespero e em busca de amparo, estava ali, agora, manifestando preocupação com a imagem dele por ser um período eleitoral. Juro: neste momento eu questionei com meus botões: Meu Deus, o que fizeram da nossa OAB? Ainda hoje estou sem uma resposta exata, exceto a de que ela perdeu o horizonte, o senso e a razão.”

Segundo Ludwig, seu drama ecoou entre parte da classe dos advogados sergipanos. “Depois disso, e até antes mesmo deste caso, em conversas e em todos de debates da categoria essa foi uma reclamação em comum. Vários advogados questionam esta omissão, além da frágil postura dos membros das comissões. Ouço muita queixa do excesso de festa e de que esta atual gestão não é voltada para o enobrecimento e o engrandecimento técnico dos advogados sergipanos”, disse, denunciando o uso da máquina na campanha eleitoral pela presidência da Ordem. “Acho que, hoje, estão usando as comissões (da OAB) para captar votos para as eleições, e estão fazendo da OAB, por esse viés, simplesmente, um curral eleitoral. Além da postura dos membros destas comissões que, pouco técnicos, não têm uma conduta produtiva, digna e nem compostura compatível perante a sociedade com o cargo que ocupam.”

Universo tenta, por meio de ligação telefônica, desde o último sábado, dia 5, ouvir a versão do presidente da OAB/SE, Carlos Augusto, mas, a exemplo do advogado Ludwig, não conseguiu falar com ele. O site mandou uma mensagem de texto para o seu telefone celular, informando o teor da matéria e solicitando sua posição – algo sugerido através do retorno da ligação ou mesmo via email. Até o fechamento desta matéria, contudo, o presidente Carlos Augusto não havia entrado em contato. Universo segue aguardando.

 

 

Modificado em 08/09/2015 13:47

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