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A cultura jornalística não pode ser bater no Legislativo, temer o Judiciário e baixar a cabeça para o Executivo. Mas fiscalizar com ética todos os poderes

Poder Legislativo: alvo democrático

Por Joedson Telles

A presidente da Assembleia Legislativa de Sergipe, a deputada Angélica Guimarães (PSC), desabafou. Parece cansada de ser pressionada por políticos governistas e setores da imprensa para colocar em votação Projetos de Lei do Poder Executivo. Explicando que as matérias seguem a tramitação normal, a presidente deixou evidente que respeita o trabalho da imprensa, mas não são jornalistas e radialistas, óbvio, quem ditam as regras da Casa. O fósforo no barril de pólvora foi uma foto fora do contexto que circulou em um setor isolado da mídia dos cajueiros e papagaios. Veja o que diz a deputada, depois volto ao gramado.

“Não sou pautada pela imprensa, por governo e nem por partidos. Ontem eu e o deputado Francisco Gualberto (PT) estávamos debatendo sobre o programa ‘Mais Médicos’ do governo federal. Aí alguém veio e fotografou a gente conversando, dando a entender que Gualberto estava brigando comigo. É como se Gualberto tivesse cobrando e eu evitando responder. Isso aqui é maldade”.

No gramado. Evidente que não apenas cabe, sim, mas também é uma obrigação da imprensa, ao menos da parte séria, dentro dos limites da ética e da honesta imparcialidade,  fiscalizar e cobrar não apenas do Poder Legislativo, mas também do Judiciário e do Executivo. A imprensa tem o papel importante de acompanhar os passos de todos os agentes públicos custeados pelo contribuinte velando a transparência. A cultura não pode ser bater no democrático Legislativo, mas temer o Judiciário, que, como um poder também formado por seres humanos, evidentemente, comete os seus erros, e baixar a cabeça para o Poder Executivo “sabe-se lá os motivos da cultura” salvo exceções.

O trabalho jornalístico deve ser coerente. Espelhar a verdade factual. E, sobretudo, respeitar público e fonte – seja ou não uma autoridade em questão. O exercício do bom jornalismo não pode ser confundido com publicidade, onde o artista usa seu talento para persuadir o seu alvo. O bom jornalismo só tem sentido mediante a imparcialidade. Ainda que seja um texto opinativo, tomar partido só em prol do social. Qualquer iniciante no ofício sabe disso.

No caso em tela, o deputado Francisco Gualberto (PT) aparece em frente à deputada Angélica Guimarães apontando o dedo indicador em sua direção, numa conversa sobre o programa “Mais Médicos”. Mas lógico que se o título da matéria citada pela presidente fala em cobrança, qualquer pessoa que fitar a foto liga-a automaticamente à informação do texto – sobretudo aqueles leitores que apenas olham o título e a imagem, mas não vão às linhas da matéria. Faz sentido a autodefesa da presidente.

Contudo, creio que não houve maldade, mas um cochilo por parte de quem publicou a polêmica foto. Confundir o leitor de propósito, ludibriar, montar a informação com a única intenção de desgastar, de tentar desmoralizar a presidente do Poder Legislativa seria uma atitude tão nanica, tão absurda, tão fora da ética jornalística, que não mereceria sequer qualquer comentário. O bom senso manda apostar que foi vacilo mesmo.

Modificado em 19/09/2013 07:38