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A CPI que tira o sono do presidente pré-candidato

Por Joedson Telles

O diálogo telefônico nada republicano entre o presidente Jair Bolsonaro e o senador Jorge Kajuru, vazado pelo parlamentar, no último domingo, dia 11, revela um Bolsonaro pávido e, nas entrelinhas, ciente de que não fez o que deveria nesta guerra contra o coronavírus. Querer jogar governadores, prefeitos e até um ministro do STF no bolo parece lhe confortar sobre a confusão a ser criada na cabeça do eleitor.

Uma CPI focada apenas no Governo Federal, ainda que não tenha o desfecho esperado pelos que torcem por um Brasil melhor, ainda que não assegure o entendimento à Justiça para que culpados sejam punidos, traria (ou trará) um desgaste à imagem do presidente Bolsonaro que o pré-candidato Bolsonaro tenta evitar a qualquer custo.

Se, sem uma investigação a fundo, só críticas da oposição e fatos e análises de ações na contra mão do combate ao vírus aflorando na imprensa, a popularidade do presidente despencou – à luz de pesquisas e das redes sociais -, imagine o que uma CPI séria poderá fazer?

A julgar pela grita dos que não dizem amém as ações e falas desastrosas do presidente diante do caos, há motivos de sobra para a CPI ser focada apenas no Governo Federal, e, obviamente, no decorrer do processo, se fatos envolverem algum estado ou município que se aprofunde a investigação.

A propósito, o senador sergipano Rogério Carvalho (PT) listou, no último domingo, dia 11, ao ser entrevistado aqui no Universo, o que considera equívocos do presidente, e justificariam milhões de brasileiros se referirem ao chefe da Nação como “genocida”. Veja o que disse Rogério:

“Deliberadamente, ele optou por não enfrentar a pandemia. Ele optou por não comprar as vacinas no momento certo. Ele optou por rechaçar as medidas de distanciamento social e o uso das máscaras. Ele optou por apostar e promover remédios sem comprovação científica, como a cloroquina e a ivermectina. Ele optou por criar uma falsa oposição entre o vírus e a economia. Ele optou pelo negacionismo e pelo obscurantismo. E qual o resultado de todas essas opções erradas de Bolsonaro? O resultado é que temos apenas 3% da população mundial vacinados e 30% dos casos de Covid do mundo. Somos um dos países que menos vacina no mundo, se considerado o percentual da população vacinada. Nos tornamos uma ameaça global e o epicentro planetário da doença. Somos o país que ostenta a triste marca de mais de 330 mil mortos pela Covid-19 e, segundo algumas previsões, caminhamos para um abril igualmente sangrento com 100 mil mortos. Se isso não é um genocídio, o que seria?”, indaga Rogério.

O pensamento de Rogério Carvalho vai na mesma linha de raciocínio do senador Randolfe Rodrigues (Rede/AP), que, ao protocolar, em fevereiro, um requerimento no Senado solicitando a instalação da CPI da Pandemia, falava em apurar ações e omissões do governo Bolsonaro diante da crise sanitária, sobretudo daquela tragédia no Amazonas, quando pacientes ficaram sem oxigênio.

Randolfe Rodrigues justificava ali que o governo Bolsonaro tentou impedir que os entes federados pudessem tomar medidas para diminuir o ritmo de propagação do vírus. Argumentou ainda que Governo Federal tem, sistematicamente, violado os direitos básicos de toda a população brasileira à vida e à saúde, e deixou de seguir as orientações científicas de autoridades sanitárias de caráter mundial, incluindo a Organização Mundial da Saúde.

Pegando os verbos dos dois senadores e somando-os ao repertório de notícias sobre esta pandemia, não é difícil entender o que tira o sono do pré-candidato Bolsonaro. O que o levou a tentar, através do senador Kajuru, embaralhar uma CPI imprescindível antes mesmo do seu nascimento.

 

Modificado em 13/04/2021 10:36

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