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2022: o paroxismo da irracionalidade

Por Paulo Márcio 

A disputa pelo poder entre conservadores e progressistas, inerente às democracias ocidentais, é antes de tudo um confronto de valores. É evidente que nessa queda de braço outros fatores podem ser determinantes para definir o resultado de uma eleição, principalmente o desempenho da economia.

Mas na conjuntura em que vivemos – a chamada pós-verdade -, as narrativas assumem um relevo tão ou mais poderoso e impactante que os fatos objetivamente considerados. Sem nenhum pudor, os prestidigitadores a serviço de um e outro grupo político vão lançando mão de “mentiras sinceras” para aquecer ou requentar as convicções dos membros de sua própria taba e, ao mesmo tempo, catequizar almas aturdidas ou momentaneamente desgarradas do seu bando.

Como o objetivo das narrativas é difundir uma versão que distorça e sufoque o fato sobre o qual ela se erige, não é incomum assistirmos ao triunfo simultâneo de duas ou mais versões antagônicas acerca do mesmo evento.

A operação Lava Jato é, indubitavelmente, o melhor exemplo para ilustrar essa vigarice intelectual a que estamos condenados. De maior operação de combate à corrupção da história da humanidade, a força-tarefa passou a ser vista como uma ação golpista, voltada simplesmente à eleição de um opositor do lulopetismo. Para uma das narrativas, esse opositor seria um tucano; para a outra, o atual presidente da República.

Se os fatos em si mesmos considerados já não importam, valores são o que menos presenciaremos nas eleições que se avizinham. Aliás, preparemo-nos para o pior em se tratando de um país em convulsão. Nossa Guerra da Secessão está apenas começando.

Paulo Márcio Ramos Cruz é servidor público estadual

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