Por Joedson Telles
Pelo menos ocupando cargos para os quais o único passaporte é o voto do eleitor, a política não costuma abrigar desprovidos de inteligência. E quando alguém se faz a exceção da regra, dificilmente, o raio desaba no mesmo ponto geográfico mais de uma vez: nada de reeleição. Vez por outra, contudo, e, sobretudo em ano de eleição, assistimos à “inocência” de tentar transferir a estupidez para os menos atentos. Este episódio de deputados defendendo CPI para “matar” a Operação Lava Jato emerge como o mais recente exemplo da prática nociva. Bola fora do canso.
Sequer conversei com um dos deputados sergipanos cujas assinaturas estão na tal CPI. Mas como não são burros, ao menos não os vejo assim, arrisco colocar a mão no fogo: se a intenção da CPI fosse, de fato, “matar a Lava Jato” Valadares Filho, Fábio Mitidieri e João Daniel só assinariam enganados.
Não é cor partidária: é questão de lógica. A Lava Jato tem simpatia e credibilidade junto à população, certo? No entendimento da maioria, a investigação tem como objetivo identificar e prender corruptos que atacaram com cólera o dinheiro público, certo? Pelo que consta, nenhum dos três deputados sergipanos são fichas sujas, certo? Então como imaginar que os três, que são pré-candidatos nas eleições deste ano, precisarão de votos para o êxito dos seus projetos e, mesmo assim, avocariam a imagem de inimigos de uma causa pública?
Numa nota enviada à imprensa, o deputado Federal Valadares Filho, por exemplo, afirma que jamais seria contra a Lava Jato, reconhece a operação como um grande avanço no combate à corrupção e explica que o requerimento, na verdade, tem como objetivo investigar denúncias no sentido de advogados terem recebido propina para defender delatores do que ele chama de “possíveis novas investigações do Ministério Público e da Polícia Federal”. Ou seja, ventilaram a inversão dos valores. Qual a intenção? Deixo com o próprio internauta…
Acredito que os demais parlamentares que assinaram o requerimento, pensam como Valadares Filho. Que as pessoas de bem também querem que tudo e todos que estiverem em xeque, independente de partido, cor, sexo, idade… sejam, sim, investigados.
A Lava Jato já entrou para a história. Evidente que, como diz o lugar comum, “perfeito só Deus”. Mas a Lava Jato, sem dúvida, prestou, presta e continuará prestando um grande serviço ao Brasil. Exceto corruptos e quem os defende, nenhum político lúcido, sério é contra as investigações. Seria sacar a arma e efetuar o disparo no próprio pé.
