Campanha de informação e orientação à população sobre a Covid-19
Construído para atender a uma das frentes estratégicas da Prefeitura de Aracaju no tratamento da covid-19, o Hospital de Campanha (HCamp) Cleovansóstenes Pereira Aguiar vem demonstrando eficiência e qualidade no serviço prestado à população que necessita de internado por conta da doença. O último boletim divulgado pela Secretaria Municipal da Saúde (SMS) registrou a recuperação de 232 dos 334 pacientes que foram atendidos na unidade de retaguarda, o que representa uma taxa de recuperação de 69,46%.
Essa taxa, entretanto, se torna ainda mais relevante quando somada a outros índices também consideráveis, a exemplo da taxa de óbitos. Do número total de internados na unidade, 24 foram a óbito, ou seja, um índice percentual de 7,1%. Os dados revelam, ainda, que, dos 334 pacientes, 39 continuam internados e recebendo total assistência, e 39 foram encaminhados para Unidades de Tratamento Intensivo (UTI).
O coordenador da equipe do HCamp, o médico Flávio Arcângelis, destaca que os números reforçam o esforço e dedicação no tratamento dos pacientes asseguradas pela Prefeitura.
“O hospital tem o perfil de baixa e média complexidade. É claro que temos pacientes que, durante o tratamento, evoluem para gravidade, precisam de estabilização e de acesso a uma UTI. No entanto, todos os cuidados necessários na fase menos complexa, temos dispensado, e isso contribui bastante para a boa taxa de recuperação. A taxa de óbitos diz muito. Desde a abertura do hospital de campanha, nós tivemos 24 pacientes que foram a óbito. Quando fazemos uma verificação mais profunda de quem são esses pacientes, basicamente são idosos, com idade mais avançada. Temos casos isolados, mas a média de idade deles é mais avançada. É claro que essas vidas importam, mas há todo um quadro de comorbidades que o paciente já tinha ou mesmo um corpo mais fragilizado pela idade, vem a agravar e evoluir para um óbito”, ressalta o médico.
De acordo com Flávio, a estrutura montada no hospital é outro fator positivo. “Temos acesso a exame de laboratório, a radiologia, e ferramentas, caso haja necessidade de medidas invasivas para estabilização. Isso também coopera para o bom desempenho das equipes do hospital”, destaca o coordenador.
Capacitação
Para além de uma estrutura de qualidade, é preciso que haja recursos humanos capacitados para lidar com as diversas situações que a condição de pandemia exige. Por isso, todo o corpo profissional do HCamp passa por formações contínuas, ressalta Flávio Arcângelis.
“Temos médicos com mais de 20 anos de profissão que atuam com medicina de urgência e emergência e UTI, e temos também médicos mais novos, recém formados. Mas, tanto os mais experientes como os mais novos toparam estar na linha de frente e de tocar esse hospital conosco. Independente de tempo de formação, a todos eles, sem exceção, é ofertado um programa de formação que envolve as adaptações para atuar nesse cenário. Existem coisas que são muito próprias de um cenário como esse, alguns procedimentos médicos, como intubação orotraqueal, fazer um acesso venoso, saber manejar uma parada cardiorrespiratória, saber manejar drogas específicas em situações de maior complexidade. Todos estes conteúdos são ofertados para todos os médicos, eles fazem uma reciclagem sobre isso”, explica.
Quem coordena essas formações é o Centro de Educação Permanente da Secretaria Municipal da Saúde, que realiza atividades três vezes por semana (terça, quarta e sexta), com grupos pequenos de até oito médicos.
Estratégia
O HCamp faz parte de um trabalho minucioso e estratégico da gestão municipal, o qual, para sua concretização, envolveu estudos e pesquisas amplificadas. Segundo Flávio, o Hospital de Campanha compõe um dos elementos da estratégia municipal de enfrentamento à pandemia, desenvolvido em duas frentes: uma frente de ampliação assistencial, de provimento de assistência aos usuários, e outra de ampliação das condições sanitárias de prevenção e de formação em saúde, como o distanciamento social e medidas de higiene pessoal.
“Na frente assistencial, o HCamp é muito importante porque a cadeia se forma por toda a rede de atenção primária que já existia. Desta rede foram elevadas oito unidade básicas a referência em síndrome gripal. O grande objetivo é colocar um pouco mais de tecnologia, ampliando horários, para que não tivéssemos superlotação, um estrangulamento das duas portas abertas que são o Fernando Franco e o Nestor Piva, e o HCamp ”, detalha o médico.
Apesar de ser uma unidade voltada para pacientes de baixa e média complexidade, o HCamp vai além da sua função. Quando os casos evoluem para alta complexidade, Flávio afirma que a unidade tem todas as condições de manter o paciente por lá de modo transitório, até que ele consiga acessar algum leito de UTI.
“Nós conseguimos manejar o paciente grave, mas conseguimos manejar por pouco tempo. Não temos o perfil de longo período porque isso envolveria investigação diagnóstica, necessidade de exames de maior complexidade, como tomografia, especialidades médicas de que nós não dispomos. Então, fazemos a estabilização e solicitamos uma vaga para a rede estadual, que é responsável pelas UTIs”, completa.