Pergunto a um militante petista se Rogério Carvalho será mesmo o nome do PT para a disputa do Senado Federal e escuto de forma seca: “se Lula for preso. Se estiver solto, Rogério vai para o governo”, disse. E quem conhece Rogério Carvalho, minimamente, sabe que ninguém está brincando. Se houver a menor possibilidade de colocar uma pré-candidatura ao governo nas ruas, ele não pensa duas vezes.
Claro, evidente, não pairam dúvidas que o plano “A” para uma disputa pelo Governo do Estado, independente de quem seja o candidato, passa necessariamente pelo maior número possível de apoiadores. Quanto mais multiplicadores a gastar sola de sapato pelo estado melhor. Quanto mais tempo de TV mais chance de persuadir o eleitor. Quanto maior a estrutura de campanha menos chances para adversários.
Dito de outra forma: mesmo que Lula escape da prisão e coloque sua própria campanha nas ruas, Rogério não se contentará com o importantíssimo apoio do presidenciável: tentará de todas as formas assegurar a união do bloco governista em torno do seu projeto pessoal.
Tentará persuadir que ele, e não o vice-governador Belivaldo Chagas ou qualquer outro deve disputar o governo – sobretudo se neste momento Belivaldo ainda não tiver conseguido crescer nas pesquisas.
Note, internauta, que a esta altura, com a saída de Jackson Barreto do cargo de governador para disputar o Senado, Belivaldo será o novo chefe do Poder Executivo, e, evidente, se bater o pé, Jackson terá que fazer uma difícil escolha. A física lembra que um corpo não pode ocupar dois locais ao mesmo tempo. E qual seria o palanque de Jackson?
Aposto uma Heineken canela de pedreiro que, em condições iguais de disputa, Jackson ficaria no palanque de Belivaldo. Teria a seu favor, inclusive, o argumento de estar defendendo a candidatura do PMDB por ser parte da legenda. E como abandonar um Belivaldo com chances reais de vitória?
Entretanto, vamos supor que Rogério, além de Lula no palanque, apareça melhor nas pesquisas e ainda entre com outras providências nas quais Belivaldo passa longe mesmo com a caneta? Jackson, que, certamente, terá páreos duros para encarar nas urnas poderia se permitir ao luxo de arriscar?
Hoje, os desafetos Antônio Carlos Valadares e Eduardo Amorim lideram pesquisas para o Senado, que, mesmo açodadas, são pontos de partidas. Sem falar que existem outros nomes fortes que tendem a também entrar na disputa, deixando-a ainda mais acirrada. Jackson estaria disposto a correr o risco de escolher pelo coração descartando a razão? E qual seria a reação do governador Belivaldo, em sendo descartado?
Mas não esqueçamos: tudo isso é suposição. Tudo no campo condicional. O danado “se” sempre dá as cartas em ano pré-eleitoral. Como já disse neste espaço, dia desses, nada ou pouca coisa está decidida neste momento. É muito cedo. Muitas nuvens ainda mudarão de lugar. Qualquer análise definitiva feita agora não tem amparo na lógica política. Na dinâmica da política.
Por enquanto, de real, emergem desejos de todos por um lugar ao sol e o trabalho de construção dos projetos sendo feito por muitos. Urnas apuradas, todavia, apenas um governador e dois senadores estarão eleitos. Os três que jogarem melhor, evidente, terão mais chances de comemorar.