Por Joedson Telles
Entendo a dor e revolta petistas, mas a crítica ao presidente eleito Jair Bolsonaro precisa ser inteligente e fundamentada. Construtiva. Fígado assumindo o lugar do cérebro nunca deu certo. Inclusive, desta forma, evita-se a contradição de entrar na onda de fatia considerável dos eleitores do próprio Bolsonaro: atirar no escuro por ódio. Refiro-me às manifestações, sobretudo em redes sociais, diante da notícia que o presidente eleito convidou o juiz Sérgio Moro a deixar a toga e assumir, em janeiro de 2019, o seu super Ministério da Justiça. Ao aceitar de pronto, Moro inflamou petistas e aliados no atacado.
Todavia, não vejo sentido criticar a escolha do Moro, neste momento. É açodamento. Se, de fato, queremos combater a corrupção e a insegurança, precisamos de gente preparada, com coragem e carta branca. Destemida. O Moro reúne os apelos. “Ah, mas ele prendeu o Lula e o tirou da disputa. Fez parte do golpe”, argumentam petistas. Não é bem assim. O Lula foi condenado por ele em primeira instância e, evidente, não foi preso e tampouco ficou inelegível.
O ex-presidente petista só foi preso e, aí sim, perdeu os direitos políticos, ao ser condenado em segunda instância, por unanimidade, por três desembargadores da 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que, inclusive, aumentaram a pena.
O problema é que o PT jura na cruz que Lula é inocente e Moro e o TRF da 4ª Região entenderam o contrário… Como se isso, ainda que o PT tenha razão, o Judiciário não enxerga assim, fosse um impedimento para Moro combater a corrupção estando à frente do MJ do novo governo.
O fato é que o momento é outro e pede para que aguardemos o trabalho comandado por Moro. Se o Brasil vencer a guerra contra a corrupção – ou mesmo avançar – será imperioso reconhecer a boa escolha do Bolsonaro. “Cada dia com sua agonia”, diz o lugar comum. A defesa do Lula que continue fazendo sua parte. Mas vetar Moro só porque o PT o odeia? Isso num governo inimigo? Sem comentários.
Apostar num quadro preparado – mesmo o PT não o vendo como um técnico, mas como um político – é algo bem diferente de certas ideias do presidente eleito que já nascem falidas, como armar as pessoas e fundir Agricultura/MeioAmbiente. Mas Moro e Bolsonaro merecem o voto de confiança. O julgamento dar-se-a no momento oportuno.
A crítica aos políticos ocupantes de cargos públicos é imprescindível e precisa existir sempre. É exercitar a cidadania. Obrigação de todos. Políticos com mandatos são empregados do País. Muito bem pagos, aliás. Mas, se a crítica não for construtiva e fundamentada, só servirá para desmoralizar seu autor. Afaste de mim este cálice.
