Por Joedson Telles
Lúcida, acertada e, sobretudo, obrigatória a decisão do Sindicato dos Jornalistas e do Sindicato dos Radialistas de levarem à Justiça um cidadão que, alegando revelar “um papo de cafezinho” em um shopping de Aracaju, jogou nas redes sociais que profissionais de imprensa cobram até R$ 100 mil para silenciar diante de denúncias envolvendo autoridades, políticos e empresários. O assunto caminhou como micose não tratada e já é notícia fria na mídia.
As duas categorias querem a responsabilidade, o bom senso, a ética de, em sendo verdade a denúncia, o seu autor apresentar os nomes à sociedade – sob pena de os justos não arcarem com as consequências dos atos dos pecadores. Perfeito. Aliás, é imprescindível que representantes das autoridades – e por autoridade se entende, entre outros, juízes, desembargadores, promotores e delegados -, dos políticos e dos empresários façam o mesmo.
Se há, como foi ventilado, a safadeza, a corrupção ou o que o leitor tem o direito de imaginar, após ler a postagem do cidadão dado ao cafezinho do shopping, os profissionais da imprensa não estão sozinhos no pecado. Todos estão em xeque. Todos precisam interpelar o cidadão – e, a depender dos desdobramentos, moverem ações por dano moral.
Aquele velho lugar comum de não bastar ser honesto, mas ter que parecer ser honesto socorre os menos atentos. Ventilar algo tão grave, não citar nomes e minimizar que é “papo de cafezinho” joga o cidadão em uma entre duas situações: ou não admite, mas acha normal, aceitável e quem sabe até de bom tom autoridade, político e empresário comprarem o silêncio da imprensa ou tem ciência do escândalo, o repudia, mas lhe falta intelectualidade suficiente para entender como uma generalização deste tipo agride a honra de pessoas sérias. Por um motivo ou por outro, a Justiça é o caminho correto.
