Por Joedson Telles
Ao ecoar que “estamos vivenciando em Aracaju uma guerra de delegados doidos para assumirem o poder” e, sobretudo, a indagação “já não basta o senador da mordaça?”, a vereadora Emília Corrêa sepulta quaisquer dúvidas quanto aos seus sentimentos de aversão à pré-candidatura da delegada Danielle Garcia – e, principalmente, ao senador Alessandro Vieira – nome de maior peso político no bloco, por obra e graça do mandato que exerce. Creio que a parlamentar não mira Paulo Márcio, Georlize Teles ou Katarina Feitoza. O alvo é mesmo o projeto do Cidadania.
Desde que teve uma pré-candidatura à prefeita de Aracaju preterida pelo bloco, Emília Corrêa tem sido, indiscutivelmente, elegante. Deixou o grupo sem, digamos, “lavar a roupa suja”. Sem revelar detalhes, melhor colocando. Limita-se a explicar que não atende aos apelos que tem recebido e entra na disputa porque deu a palavra ao Cidadania: se não disputasse representando aquele grupo, não disputaria como adversária.
Entretanto, Emília evidencia o óbvio, ao deixar nas entrelinhas que não tem 100% de confiança na pesquisa que apontou Danielle Garcia como o melhor nome do bloco para a disputa.
Os incentivos que recebe nas ruas e redes sociais para tentar ser prefeita e a votação que teve em Aracaju para deputada federal, em 2018, sendo eleita nas urnas e derrotada pela Legislação Eleitoral, somam-se à proximidade que o senador Alessandro tem com o instituto de pesquisa e com a delegada Danielle Garcia.
Numa recente entrevista que concedeu ao Universo, Emília lembrou que, em política, tudo é possível, para não descartar, de pronto, topar o desafio da majoritária.
Enquanto houver tempo, certamente, Emília estará analisando cada detalhe. Prós e contras – inclusive trocar uma reeleição na Câmara de Aracaju, na teoria tranquila, pelo risco de tentar o voo mais alto e arriscar ficar sem mandato. Tudo é – e precisa ser mesmo – analisado por Emília e suas pessoas de confiança, neste instante. Inclusive se opor firmemente ao seu ex-bloco.
A propósito, ecoar o sentimento de oposição ao Cidadania em sua conta no Twitter pode ter sido apenas um momento. Uma ação isolada. Todavia, pode ter sido também o início de uma postura contrária e contundente, sobretudo ao senador Alessandro Vieira.
Uma coisa é certa: sendo ou não candidata a prefeita, Emília, pela história, seriedade, carisma e por ter feito parte do bloco do Cidadania até ontem, entre outros pontos, seria (será?) a mais difícil oposição que o projeto Danielle Garcia/Alessandro Vieira poderia enfrentar.